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As leis de inovação do Brasil ainda são insuficientes para atender a necessidade brasileira

As leis de inovação do Brasil ainda são insuficientes para atender a necessidade brasileira. A avaliação é do gerente executivo de Inovação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Jefferson Gomes (*), que discutirá as políticas públicas voltadas para atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) nas empresas, com foco na interação com institutos de pesquisa no Congresso ABIPTI 2012. O evento será em Brasília (DF), de 14 a 16 de agosto.

De acordo com ele, não se pode afirmar que o processo de inovação ainda é tímido no país porque a academia é lenta e a indústria brasileira quer resultados rápidos. “É muito simplório dizer isso. As ferramentas que as academias têm para trabalhar com as empresas são muito pobres. Em todas as academias o jurídico está parado pela questão da propriedade intelectual, por exemplo. Os mecanismos são muito complexos para gerar esta relação”, aponta.

Exemplo dessa ineficiência é a questão da biodiversidade. Hoje, o Brasil está entre as grandes nações em reservas de Terras Raras. Entretanto, não dispõe de políticas para o desenvolvimento de inovação utilizando estes recursos. “Uma empresa de fora não consegue montar um centro de desenvolvimento e estabelecer uma parceria com uma academia. E não porque ela não quer colocar dinheiro, mas porque as políticas são ruins. Se temos uma reserva de biomassa maior do que a de minério, por que não temos políticas bem consolidadas para isso?”, questiona.

Ainda na opinião do especialista, o Brasil dispõe de mecanismos eficientes para o desenvolvimento de pesquisas, ofertados por agências de fomento como a Finep, mas faltam instrumentos para a transformação desses estudos em produtos. “É pífio ainda todo o marco regulatório para inovação e para biodiversidade”, completa.

Entretanto, mesmo nesse ambiente pouco propício a indústria brasileira tem apresentado um bom poder de resposta. “Nós somos um país que tem uma tradição industrial de mais de 70 anos, não estamos começando com uma indústria de 20 anos, como vários países emergentes. Portanto, a nossa indústria sabe o que faz”, diz Gomes. Mesmo com um déficit na balança comercial de US$ 90 bilhões de dólares neste ano, a indústria cresce a 17% a.a.

Em parceria com os governos federal, estaduais e municipais o setor empresarial tem puxado iniciativas eficazes para alavancar os investimentos em PD&I no Brasil. Exemplo é a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), liderada pela CNI. Entre as bandeiras da iniciativa está fazer com que as políticas públicas de CT&I atendam as necessidades da indústria.

Destaque também para a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que envolve o MCTI, o setor empresarial e já no projeto-piloto institutos de pesquisa de peso no país, como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), ambos associados à ABIPTI. A estrutura funcionará como uma rede nacional de tecnologia que criará padrões para a certificação dos institutos e centros de pesquisa.

“Estamos aproveitando muito bem as oportunidades que estão aparecendo. A capacidade de reação brasileira é muito forte”, opina. Mas, o executivo lembra que para que as ações voltadas para inovação tenham êxito é imprescindível que a indústria seja o agente principal. O Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que tramita na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, não funcionará na avaliação dele, visto que a indústria não trabalhou neste marco. “Não se pode falar em inovação sem indústria”, lembra.

(*) Jefferson Gomes é graduado em engenharia mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com mestrado na área pela mesma instituição. Ele possui doutorado pela UFSC em cooperação com a RWTH – Aachen – Alemanha (2001). Desde janeiro de 2004 atua como professor da Divisão de Engenharia Mecânica – Aeronáutica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). É também coordenador do Centro de Competência em Manufatura (CCM-ITA).

Editor-Chefe: Prof. Eduardo Siqueira Brick
Portal do UFFDEFESA. 

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