Artigo dos pesquisadores do UFFDEFESA Eduardo Siqueira Brick, Eric Serge Sanches e Mauro G. F. Mosqueira Gomes descreve o processo de avaliação de capacidades, que é uma metodologia essencial para o planejamento de força baseado em capacidades.
BRICK, E. S.; SANCHES, E. S. ; GOMES, M. G. F. M. . Avaliação de capacidades operacionais de combate: conceituação, taxonomia e praxis. Revista Brasileira de Estudos Estratégicos, v. 9, p. 11-43, 2017.
Este tipo de planejamento vem sendo adotado pela maioria dos países que enfretam limitações orçamentárias e têm que otimizar o uso dos poucos recursos disponíveis para defesa.
O Brasil certamente se enquadra nessa necessidade, mas ainda não planeja defesa dessa forma.
O planejamento estratégico e a gestão da defesa de qualquer país são processos extremamente complexos, não só devido à inerente complexidade da guerra e dos sistemas de armas atuais, mas também porque envolve a definição, desenvolvimento e sustentação de capacidades operacionais necessárias para possíveis cenários futuros de emprego, para os quais existem grandes incertezas.
A avaliação é um dos instrumentos centrais da gestão de qualquer grande organização. Organizações públicas ou privadas, não envolvidas com o atendimento de necessidades de defesa, podem contar com retornos relativamente imediatos sobre a qualidade e acurácia de suas avaliações, pois atuam continuamente. Este não é o caso das necessidades da defesa, que têm nas dinâmicas da paz e da guerra ambientes muito diferenciados.
O processo de avaliação de capacidades operacionais de combate possui dois grandes propósitos:
• Permitir a obtenção de uma expectativa mais realista do desempenho militar, objetivando diminuir incertezas associadas ao emprego real das Forças; e
• Reorientar o esforço de projeto de Força através da proposição de modificações e aperfeiçoamentos nos fatores determinantes da capacidade operacional de combate, ou seja, doutrina, organização, treinamento, equipamento, liderança, pessoal e infraestrutura e apoio para o combate.
Para a avaliação de capacidades operacionais de combate se faz necessária uma visão completa do relacionamento existente entre estas, as missões recebidas, as ações do inimigo e o ambiente em que isso acontece. Como os cenários de emprego só são reais com a guerra, é prudente uma avaliação criteriosa das capacidades desenvolvidas antes do combate, simulando-se a missão, o inimigo e o ambiente, do presente e, principalmente, do futuro.
Este trabalho apresenta uma conceituação, a descrição e propõe uma taxonomia do processo de avaliação aplicável a projeto, desenvolvimento e sustentação de capacidades operacionais derivadas de projetos de força. Apresenta também uma descrição de como esses processos são desenvolvidos em alguns países e a situação do Brasil.